Review - Wipeout Pulse


“A cópia mais original de F-Zero”. E isso é bom

Quando um jogo imita o outro, ele se utiliza de muitos artifícios. Por exemplo, colocar uma função surpreendente que o outro não tem. Esse é o caso de Wipeout Pulse. Velocidade, carros futuristas e que se destroem, turbos e pistas estranhas são praticamente um “copia e cola” de qualquer game da série F-Zero. Mas, como um bom imitador, ele resolveu adicionar algo a mais: armas. Desde tiros, até escudos, até ondas de fogo, e outras as quais não consigo encontrar palavras para descrevê-las. Esse copia e cola com um elemento diferencial funciona. Em partes.

Wipeout não é uma série tão recente, e nem ao menos muito conhecida. Veio do Playstation (o primeiro), e é, de certo modo, da Sony (a desenvolvedora da franquia, Psygnosis, foi adquirida pela Sony em 1999). Não tive a oportunidade de apreciar qualquer outra versão, portanto, esse review será baseado exclusivamente neste que é o segundo da série para o PSP.

Pulse, em alta velocidade, esbarra em muitos obstáculos enfrentados em outros do gênero. Ele freia, mas não impede que bata, tropeçando parcialmente em muitos aspectos. Seguindo por uma trilha diferente com o objetivo de se afastar do resto, ele se perde, por querer ser diferente de F-Zero. Em certos casos, mudanças são legais. Mas não quando tais mudanças são rodeadas por erros tolos, e pela retirada de elementos que danificam todo o jogo. Wipeout Pulse retira e põe, mas como comentado anteriormente, é feliz em certas mudanças.


E o maior de seus erros é o esquisito senso de variedade dos produtores: 24 pistas é um bom indício, mas quando você descobre que são pouquíssimos os elementos (tanto em jogabilidade quanto em visual) que diferem uma da outra, o 24 passa a ser 5. 8 carros? Só pode ser brincadeira. Há skins para cada um deles, mas elas não passam de versões pouco modificadas do original. Não há customização, nem nada. Tudo bem, F-Zero também não, mas quando um jogo de mais de dez anos como F-Zero X apresenta mais de 30 carros, cada um com um respectivo personagem (o que significa carisma), é mais variado que um jogo para PSP como Wipeout Pulse, nota-se uma ligeira decadência. É possível gastar um dinheiro online a mais para obter novas pistas, mas meu dinheiro foi domesticado para se afastar de inutilidades.

Mas num aspecto que aparentava falhar somente, surge outro algo a mais que torna Wipeout Pulse um ótimo game e entretenimento: seus sete modos diferentes - Single Race, Tournament, Head-to-Head, Eliminator, Zone, Time Trial e Best Lap. Com destaque para dois: Eliminator e Zone. O primeiro, comentarei melhor em breve. O segundo e Zone é um excelente e agradável modo de sobrevivência, que testa sua habilidade, reflexo e resistência.

As corridas se desenvolvem como em qualquer outro jogo que se enquadre no gênero “corrida”. Elas trazem turbos, vindos diretamente de F-Zero. Mas trazem uma novidade, os power-ups, ou armas, como preferir. Esses elementos seriam legais, se não fosse pela jogabilidade ruim. Controlar os carros é fácil, e a pouca quantidade de botões ajuda os inexperientes, mas algumas decisões erradas acabam com o que parecia um amistoso encontro entre jogador e controle. O erro começa no design dos cenários: é tudo muito estreito se levarmos em consideração que são oito carros velozes disputando ferozmente a liderança. Os power-ups auxiliam em tornar a experiência confusa e cruel. Alguns até são difíceis de usar, e outros, de uma aparente inutilidade. Mas o pior é a conseqüência de ser atingido por estranhos power-ups: te deixam parado por preciosos segundos, e ainda te jogam nas laterais da pista. E se você for jogado lá, prepare-se para o nervosismo: a impressão que fica é que há um imã naquelas laterais. Se você bater lá, de qualquer jeito, o seu carro se prende. É incrível, surreal, irritante, e ridículo. Laterais eram amadas em Crisis Core: Final Fantasy VII pelos que queriam escapar de batalhas aleatórias. Em Wipeout Pulse, se apresentam como castigo por odiarmos tanto power-ups.


Esses problemas, somados à falta de sensação de velocidade, felizmente são parcialmente encobertos com a existência de um modo Carreira completíssimo (que dura mais de dez horas), um modo multiplayer recheado positivamente pela quantidade de modos, uma diversão inexplicável, ótimos gráficos (o visual dos carros é sofrível, mas já os cenários são lindíssimos, mesmo com seus problemas de design), uma trilha sonora boa e efeitos especiais que, para minha surpresa, não são irritantes. E os power-ups que são um grande problema tornam-se um aliado para a diversão no modo Eliminator, na qual o objetivo é eliminar um determinado valor de inimigos mais rápido que os outros. É diversão de melhor qualidade.

Por mais que seus (muitos) problemas sejam irritantes, Wipeout Pulse brilha, e se afasta de F-Zero em muitas coisas, mas principalmente em uma: aproveita equilibramente do melhor e do pior de cada aspecto. Não é o melhor jogo de corrida de todos os tempos, nem o pior. Fica no meio termo, por conta da falta de um "carisma" maior. Mas se o assunto é diversão, ele se encontra quase no topo. E não sairá de lá muito cedo.

Plataforma: PSP/PS2 (versão port)
Gênero: Corrida
Produtora: Sony Studio Liverpool
Distribuidora: Sony Computer Entertainment
Lançamento: 14/12/07

Apresentação: 8,0 - Gráficos muito bons, com cenários visualmente lindos. Mas sofre de péssimas decisões de design das pistas, e principalmente dos carros. Alguns bugs bizarros surgem, não raramente, mas também não frequentemente. A trilha sonora exerce bem o seu papel, não se tornando cansativa ou irritante, assim como os efeitos sonoros.
Jogabilidade: 6,0 - Controlar o carro é bom e fácil, mas todos os elementos que giram em torno da jogabilidade tornam a experiência sofrível. O uso dos power-ups falha (triunfa apenas no modo Eliminator), as laterais da pista entrarão em seus piores pesadelos, e a perfeição com a qual os outros competidores conduzem irritam qualquer um.
História: X,X - Corridas futuristas. Esperava o quê? Que eu desse alguma nota?
Diversão: 9,0 - Estranhamente divertido. todos os seus modos não enjoam, o modo Carreira é completíssimo, e jogar no multiplayer estende muito a vida útil do jogo. É viciante.

NOTA FINAL
8,0

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